É hora de financiar um imóvel? Menor taxa de juro da história traz oportunidades

27 de julho de 2020

taxa básica de juros, conhecida também como Selic, é a menor de toda a história – e pode seguir caindo após reuniões do Copom. Com isso, algumas oportunidades começam a surgir, inclusive aquela que é o sonho de muitos brasileiros: conseguir ter a casa própria.

Por isso, quando a taxa básica cai, é normal que o financiamento imobiliário acompanhe essa movimentação. “Sem dúvida nenhuma é uma oportunidade para assumir um crédito imobiliário”, diz Sandro Gamba, diretor de negócios imobiliários do Santander.

Além disso, a queda nas taxas pode representar um alívio nas contas daqueles que já financiaram o seu imóvel anteriormente. Com a queda nas taxas, é possível buscar portabilidade da dívida, ou seja, você pode negociar com bancos concorrentes ao que fez o seu financiamento na busca por melhores taxas. Ou, até mesmo, a instituição financeira pode cobrir a proposta e reduzir os juros.

Mas Gamba lembra que é importante que os interessados tanto no financiamento quanto com a portabilidade se atentem a alguns fatores para conseguirem diminuir as taxas. Entre eles, está o seguro de morte e invalidez, o seguro de danos físicos do imóvel e até o valor do próprio ativo. Além disso, idade e prazo do financiamento também contribuem para isso – e o saldo do FGTS pode ajudar com isso.

Do CNN Brasil Business, em São Paulo
17 de junho de 2020 às 09:02 | Atualizado 17 de junho de 2020 às 12:37

Por que esta é uma boa hora para comprar imóvel

24 de julho de 2018

O cenário pela frente é favorável: combina financiamentos com juros baixos e imóveis com preços ainda estáveis. Entenda


Os lançamentos de imóveis novos cresceram 23,3% nos últimos 12 meses, enquanto as vendas subiram somente 8% no mesmo no mesmo período, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Isso significa que ainda há estoques e oportunidades de negociação diante de um mercado reprimido.Quem está em busca de um imóvel para morar encontra um cenário favorável pela frente: a combinação de financiamentos com juros baixos e imóveis com preços ainda estáveis. As vendas do mercado imobiliário ensaiam uma recuperação, mas o movimento ainda é morno, o que pode gerar chances de barganha para o consumidor.

Além dos preços, as condições de >financiamento também estão atraentes. Os bancos reduziram as taxas do financiamento imobiliário, uma reação à queda nos juros da Caixa e à manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em sua mínima histórica, 6,50% ao ano. A taxa média do financiamento imobiliário em abril era de 8,1% ao ano, segundo o Banco Central. Mais opções: Descubra com a Serasa como escolher a melhor oferta sem prejudicar seu orçamento Patrocinado 

Taxas baixas devem impulsionar os financiamentos imobiliários, que devem crescer 10% este ano, segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho.

“É uma sinalização positiva de retomada, mas ainda não é um número para celebrar. A recuperação vai ser mais lenta do que imaginávamos”, diz.

As taxas baixas devem durar pouco tempo. “Diante das incertezas no cenário político e econômico, o mercado espera que os juros voltem a subir em 2019 e isso vai influenciar o mercado imobiliário”, explica o economista da Fipe Bruno Oliva.   

Volta da inflação, aumento dos juros nos Estados Unidos, alta do dólar e eleições são fatores que podem levar o Banco Central a subir os juros novamente.  

Já os preços dos imóveis devem se manter estáveis até o ano que vem, segundo Oliva, diante da falta de confiança dos consumidores na economia e da recuperação devagar do mercado imobiliário.

“Não é preciso correr, mas há possibilidades de encontrar bons negócios para quem procurar com calma. Mesmo que a economia volte a crescer, os preços dos imóveis vão demorar mais para subir do que os preços de outros ativos”, diz Oliva.

A tendência é que as boas oportunidades de negócio diminuam com o tempo, já que os estoques estão cada vez menores, como aponta o executivo do grupo Ourinvest Nelson Campos. “Ainda que o cenário não esteja consolidado, é momento para olhar os imóveis com carinho”, diz.   

Momento é bom só para quem se planejou

Apesar do bom momento, só é favorável comprar um imóvel agora para quem se planejou financeiramente, isto é, juntou o valor da entrada. Os bancos privados exigem 20% do valor do imóvel de entrada, no mínimo, e a Caixa, 30%. Porém, para a parcela do financiamento ser equivalente ao custo mensal do aluguel, é recomendável dar uma entrada de 50%, pelo menos.  

“Na maioria dos casos, a prestação vai custar até três vezes o valor do aluguel, se você não se planejar para dar uma entrada maior”, explica o especialista em crédito imobiliário Marcelo Prata, fundador dos sites Canal do Crédito e Resale.

Além disso, para financiar um imóvel, é preciso ter uma vida financeira estável, com alguma previsibilidade no emprego.

Como fechar o melhor negócio

Com o aumento dos estoques de imóveis das incorporadoras, as melhores oportunidades de negócio podem estar em imóveis novos, não mais em usados, como antigamente. Mas é melhor garimpar antes de excluir possibilidades. O momento é para barganhar. Os descontos médios são de 10%, segundo Prata.

Vale sondar com moradores e corretores se o prédio tem problemas ou se a taxa de condomínio é alta, por exemplo. Também é importante pensar se o perfil e a localização do imóvel se encaixam nos seus planos. “Nunca assine a compra de cara, no estande de vendas. Controle a empolgação”, orienta Prata.

Ao escolher o financiamento do banco, compare o Custo Efetivo Total (CET), que inclui o valor de todas as taxas além dos juros, e propostas de todos os bancos. A pesquisa dá trabalho, mas é importante para reduzir o valor das prestações.

Por Júlia Lewgoy

VIVER NA PEDRA BRANCA / PALHOÇA -SC

25 de junho de 2018

Pedra Branca, um bairro planejado a 18 quilômetros de Florianópolis (SC), parece uma cidade na contramão. Ainda bem.

 

Quantas vezes você já se perguntou como seria ir a pé para o trabalho, ou de bicicleta, almoçar em casa, talvez até tirar um cochilo após o almoço? Quem vive nas grandes cidades acalenta esse sonho utópico de uma realidade cotidiana que ficou no passado. Pois é exatamente lá, no passado, que alguns estão encontrando o futuro. Veja:

Enquanto famílias buscam terrenos e residências para viver em tranquilidade em sítios ou condomínios residenciais fora do burburinho das grandes cidades e, portanto, distante do local de trabalho, o administrador Carlos Eduardo percorreu um caminho inverso: transferiu sua empresa para a área onde gostaria de morar, no bairro Pedra Branca. Quando viu que a experiência deu certo, comprou uma casa para se tornar vizinho da sua empresa. “A maioria adequa a residência à empresa. Eu inverti. Adequei a empresa à casa em que imaginei viver”, diz Carlos, ex-sócio de uma empresa da indústria eletrônica que, ao se mudar com a família para o bairro sustentável, conseguiu realizar um outro sonho de consumo: ir de bicicleta para o trabalho. Como antigamente.

O almoço caseiro em dias úteis, verdadeiro luxo nas grandes cidades, é uma rotina fora de moda. O engenheiro Ramiro Nilson reconquistou esse direito após mudar-se para Pedra Branca, onde mora e trabalha. E comemora: “Posso almoçar todos os dias em casa”. Como antigamente.

O engenheiro Ramiro Nilson, que almoça em casa diariamente; a psicóloga Taís Mazzola trabalha a 150 metros de onde mora e vai a pé. Foto: Cacalos Garrastazu.

Contrariando a tendência dos cidadãos de se entocarem em casa, privilegiando o conforto e a segurança interna, a rua retoma seu espaço no convívio urbano. Num cenário em que o paisagismo, o mobiliário e até mesmo a largura das calçadas favorecem a convivência, os prédios do bairro Pedra Branca não têm sofisticadas áreas de lazer ou playgrounds que lembram parques de diversão. A ideia é estimular laços entre vizinhos. Como antigamente.

Os celebrados conceitos de prédio residencial e prédio comercial perdem sentido na Pedra Branca: no mesmo edifício convivem escritórios funcionais e apartamentos confortáveis, como já foi um dia.

Tudo parece paradoxal nesse projeto erguido ao pé de uma linda montanha e que exibe o selo oficial de sustentabilidade da Fundação Clinton. Mas nem tão paradoxal assim: a ideia de que o futuro pode estar no passado faz todo o sentido no bairro Pedra Branca. Diferente de planejamentos residenciais nos quais a vida em torno do lar é o centro, nessa comunidade tudo gira em torno do conceito de pouca locomoção: o objetivo é trabalhar, estudar, se divertir e morar no mesmo lugar.

A ideia de que o futuro pode estar no passado faz todo o sentido no bairro-cidade

A carta de princípios do empreendimento, escrita na analógica década de 90, resume tudo numa frase curta: “Um lugar onde as amenidades urbanas convivam em harmonia”. O empresário Valério Gomes Neto, autor do projeto, resume assim: “É um estilo salada de frutas: quanto mais misturar residências, comércio e serviços, melhor”.

Tudo se baseia nos princípios do Novo Urbanismo, uma prática surgida na década de 1980 nos Estados Unidos que se espalhou para países europeus. Inspirado nos padrões existentes nas cidades antes da predominância dos automóveis, é um conceito que resgata a cidade para as pessoas em vez de carros.

O Novo Urbanismo prega que as cidades foram se modelando, se deformando e se espraiando com autopistas, avenidas largas e grandes estacionamentos, perdendo a mistura e distanciando os habitantes. O dia-a-dia das pessoas ficou desconectado, a moradia ficou mais longe do trabalho e a dependência do automóvel até para atividades corriqueiras só aumentou.

Área, que já foi uma fazenda de gado, é cercada por montanhas. Foto: Cacalos Garrastazu.

Tudo começou em 1999, quando o empresário Valério Gomes — um dos herdeiros da família que controla o Grupo Portobello, cuja cerâmica é uma grife nacional — vivia o litígio de uma área de 250 hectares em crescente conflito com os bairros do município de Palhoça. Ou cercava a área e erguia um condomínio fechado, ou partia para a construção de um bairro planejado, sem muros nem grades.

Talvez seja a primeira vez que a âncora de um bairro-cidade tenha sido uma universidade. A primeira providência foi doar 15 hectares para a Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) e assim assentar, com vida, movimento e cultura, a primeira pedra. “Uma cidade que nasce em torno de uma universidade já nasce diferente” decreta o arquiteto e ex-prefeito Jaime Lerner, consultor do projeto, guru do urbanismo brasileiro.

“Uma cidade que nasce em torno de uma universidade já nasce diferente”

Pedra Branca projeta uma população de 80 mil pessoas até 2030 — 

Essa história foi escrita pelo jornalista Ricardo Stefanelli, parceiro do Eder Content em Florianópolis (SC), com edição de texto da jornalista Andréia Lago, fotografias e edição de imagens de Cacalos Garrastazu e design gráfico de Juliana Karpinski.

 

https://medium.com/eder-content/viver-como-antigamente-68b3f4360775

Fotos: Cacalos Garrastazu.